Quando fui convidada para escrever para o blog da Aurum, fiquei muito honrada. Como profissional, fico muito feliz de ver meu trabalho reconhecido através de um convite para compartilhar minhas experiências com vocês. Principalmente porque, há cerca de um ano e meio, abri um escritório focado na advocacia para mulheres.
Meu plano, com esse novo negócio, é de contribuir para equilibrar uma balança que, infelizmente, não esteve muito equilibrada ao longo dos anos. Quero também avançar o debate sobre o tema dentro do universo jurídico, para garantir, cada vez mais, o cumprimento de nossos direitos.
Em uma análise simples do número de profissionais registrados na Ordem dos Advogados do Brasil, percebe-se que a maioria das inscritas são mulheres. Mas se olharmos para a história, percebemos que a advocacia é uma profissão originariamente masculina, em um sistema patriarcal, construído por e para homens. Basta observar que a ordem da qual fazemos parte é a Ordem dos Advogados do Brasil, ao invés de Ordem da Advocacia Brasileira, semelhante a outros órgãos profissionais, o que demonstra quem originalmente ditava as regras na nossa área.
Antes de continuar acho importante deixar um aviso: nos meus textos, vou falar sobre estrutura patriarcal, feminismo e diferenças salariais entre advogados e advogadas. Se isto não é o que você deseja ler em um blog jurídico, sugiro que continue lendo, pois a leitura é ainda mais necessária.
Mas afinal, o que é advocacia para mulheres?
Feita essa contextualização, acho importante também explicar um pouco melhor a minha área de atuação. A advocacia para mulheres me apresentou faces da nossa profissão que eu me negava a ver: nosso sistema jurídico é machista, baseado culpabilização da vítima, de não validação da palavra das mulheres e de diminuição da nossa dor.
Ainda somos vistas como loucas e desequilibradas, como as que exageram ou as que são capazes de inventar loucuras pela guarda dos filhos. Ainda somos histéricas aos olhos do judiciário. A justiça que conhecemos, com os olhos vendados e sua balança equilibrada, nos espia há milênios por baixo da venda e, por isso, a balança pesa contra a gente. Mas é justamente isto que tentamos reverter com a proposta de uma advocacia especializada para mulheres: judicializamos a dor para que ela, após muita luta e resistência, nos cure.
Entendemos que um processo judicial não é apenas em busca individual, mas a garantia de direitos que nos são privados. Diante disso, também é importante deixar duas coisas claras para não abrir margem para qualquer tipo de interpretação equivocada:
1) no nosso escritório, não odiamos homens e não os queremos longe da gente, muito pelo contrário, precisamos de vocês para que nossos direitos sejam tutelados de forma justa;
2) existem mulheres que fazem coisas terríveis e que, por seus atos, devem ser responsabilizadas – porém o fato de ser mulher não pode vir atrelado a uma ideia de vilanismo e culpa imediata.
Além disso, estudos afirmam que chegaremos à igualdade de gênero em 200 anos. Por isso, nosso escritório tenta, em nossos processos, trabalhar para agilizar este caminho.
Os principais desafios da advocacia para mulheres
Entre tantos desafios da advocacia para mulheres, acredito que o principal é o exercício da empatia. Em um contexto de diversas violências (de gênero, doméstica, trabalhista, entre outras), é importante que o profissional da advocacia entenda as demandas complexas e urgentes de suas clientes, além de tratar o assunto com a seriedade que merece.
Muito se fala em feminismo, inclusive dentro do direito. Porém este debate precisa começar a ser feito também no judiciário. Precisamos garantir que as demandas de um movimento social tão importante sejam cumpridas e que os profissionais da advocacia estejam prontos para lidar com essas questões.
Dito tudo isso, convido você a acompanhar mensalmente os meus textos aqui no blog da Aurum. Vamos abordar algumas questões específicas sobre direitos das mulheres, em diferentes áreas de atuação da advocacia. Espero que você goste! 
Os principais desafios da advocacia para mulheres publicado primeiro em: https://www.aurum.com.br/blog/
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